São Paulo, 24 de março de 2006
Em 4 dias completarei 50 anos.
Lembro de quando fiz 5.
Dava voltas ao redor da mesa da sala de jantar, e não conseguia acreditar que já tinha uma mão cheinha de dedos comemorados – um para cada ano vivido – uma mão inteirinha era o tamanho da minha vida então!
Hoje preciso de muitas vezes minhas duas mãos cheias, para representar com os dedos cada ano vivido.
Os vividos intensamente deveriam ser representados por mais que um dedo, afinal, o desgaste energético e de adrenalina são oxidantes! Por felicidade ou desespero, tanto faz! Na conta do desgaste, vale só a intensidade – a sensação boa ou ruim, é assunto nosso, e dedo não conta isso. Dedo conta o tempo que já foi vivido. Tempo conta o que gastamos de nós mesmos – física, emocional, mental e energeticamente.
Com que dedos contamos o que conquistamos a despeito do que perdemos? E o vice versa?
Será que tem como negociar uma pausa na contagem para o tempo improdutivo gasto com depressão, desilusão, tristeza e afins?
A verdade é que me sinto bem, ainda que me sinta cada vez mais inadequada para viver no que o mundo está se tornando.
Isso modifica a temperatura das expectativas. Somada ao meu segundo tempo no jogo da vida, não vou dizer que é fácil, nem gostoso…
Ando triste, mas em paz. A inevitabilidade é minha maior linha de apoio.
Inevitabilidade do tempo, bem entendido. Porque do rumo que as coisas estão tomando, não há o que me faça sentir apoiada.
Pelo contrário…..mas aprendi cantando Wisnik:
“Se meu mundo cair……Eu que aprenda a levitar….”